Viajo por uma floresta densa,
Ouço o barulho do vento,
Beijo o ruido como canção,
As ramagens arranham-me a cara,
E numa inconsciência, inocentemente imputada,
Abraço as árvores que me arranham os olhos...
Paro por momentos o meu ritual de cegueira,
Vejo ao longe uma luz límpida e estranha,
Vejo-me guiado por ela...
As árvores agarram-me e batem-me na cara...
Os ventos gritam desesperadamente a ordem de regresso,
Não o ouço, ao contrario de outrora, jamais será belo,
Saio então da floresta.
Uma árvore agarra-me pelo braço,
Braço já completamente descarnado da caminhada...
Ignoro-a,
Vejo então um horizonte azul,
Vejo o livre dos prados verdejantes,
Vejo o infinito azul dos céus...
Vejo-o, e desejo-o meu.
Mas uma árvore agarra-me,
E num pranto de desespero,
Tento freneticamente libertar-me,
Praguejando contra a árvore que não me liberta...
Grifo